quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

UMA ABORDAGEM SOBRE O AMOR DE DEUS X COMPLACÊNCIA


Sabedor de que Deus transcende o seu livro e todos os seus intérpretes, mas com a humildade de Paulo, escrevendo em I Coríntios 13:12b, que diz: “... Agora conheço em parte;”, tentaremos falar um pouco de Deus amor revelado mas Sagradas Escrituras.

O texto sagrado de I João 4:8 nas versões mais conhecidas e disponíveis para o povo em geral, tal como a Tradução em Português por João Ferreira de Almeida, Edição Revista e Corrigida, Edição Revista e Atualizada, A Bíblia de Jerusalém e Bíblia Sagrada e Edição Pastoral, nos afirma categoricamente que “Deus é Amor”. Como cita Gustaf Aulém, “... o caráter fundamental do conceito de Deus é o amor.” (Gustaf Aulén. A fé cristã. São Paulo: Aste, 1965, p, 113)

Entender o amor de Deus, pelo menos à primeira vista, parece algo relativamente simples e inquestionável se comparada com outras doutrinas mais polêmicas como a predestinação ou a Trindade. Afinal, pouca gente discorda da tese de que Deus é amoroso. Porém, não se pode negar a tensão entre os diferentes aspectos do conceito de Deus. Excluindo o sentimentalismo, é possível conhecer a realidade do amor de Deus, sem deixar de compreender como essa qualidade é perfeitamente compatível com seus outros atributos como santidade, soberania, ira e justiça. O amor é o atributo de Deus pelo qual a sua justiça inflexível se tornou em graça e o pecador, em vez de ser punido, recebe o perdão, sendo-lhe imputado de graça a própria justiça de Deus.

Deus é amor, diz a Escritura enfaticamente, de modo que este atributo não existe apenas em suas relações com o mundo, mas também na sua vida íntima, sendo a base de sua personalidade triúna. Amando também as suas criaturas condenadas à punição por seus pecados, Deus por este seu atributo resolveu receber em Si, ou na pessoa de seu eterno Filho, a punição merecida pelos pecadores a fim de poder perdoar-lhes sem infringir a sua própria justiça rigorosa. Essa maravilhosa manifestação de amor tem por fim não só a salvação dos seus filhos perdidos, mas também o de granjear-lhes o seu amor em retribuição justa e grata. Deus não ama sozinho: quer ser amado também porque um lar feliz é aquele onde reina reciprocamente o amor dos pais e dos filhos. “Se alguém me ama, disse Jesus, guardará a minha palavra, meu Pai o amará e viremos para ele e faremos nele morada.” (João 14:23)

A grande dificuldade de entender o Deus amor dos cristãos é que, em muitos casos, confundimos amor com complacência, tolerância com o erro. E isso não corresponde com a revelação do caráter de Deus na Bíblia Sagrada.

Esquecemo-nos, constantemente, da advertência de Paulo as Romanos, no capítulo 11, versículo 22, que diz: “Considerai, pois, a bondade e a severidade de Deus; para os que caíram, severidade; mas, para contigo, a bondade de Deus, se nela permaneceres; doutra sorte, também tu serás cortado.”

A Bíblia diz em Lamentações 2:25: “Bom é o Senhor para os que esperam por Ele, para a alma que O busca.” Diz também em Deuteronômio 8:5: “Sabe, pois no teu coração, que, como um homem disciplina a seu filho, assim te disciplina o Senhor, teu Deus.”
Em apocalipse 3:19 nos diz: “Eu repreendo e disciplino a quantos amo. Sê, pois, zeloso e arrepende-te.”

Por fim, diz no Evangelho de João 3:36: “Por isso, quem crê no Filho tem a vida eterna; o que, todavia se mantém rebelde contra o Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus.”

Portanto, o Deus amor dos cristãos é um Deus justo; um Deus que ama; um Deus que, por amar corrige; um Deus que, segundo Lamentações 3:33, “... não aflige, nem entristece de bom grado os filhos dos homens.” Um Deus que não é complacente, conforme descrição de Números 14:18 que diz: “O Senhor é longânimo e grande em misericórdia, que perdoa a iniqüidade e a transgressão, ainda que não inocenta o culpado...” , ainda em Naum 1:3, que diz: “O Senhor é tardio em irar-se, mas grande em poder e jamais inocenta o culpado”, mas, acima de tudo, um Deus que tem prazer na vida e na salvação de todas as pessoas. “Porque não tenho prazer na morte de ninguém, diz o Senhor Deus. Portanto, convertei-vos e vivei. (Ezequiel 18:32)

A Bíblia nos diz que "Deus é amor" (1 João 4:8). Mas como podemos começar a entender essa verdade? Existem várias passagens na Bíblia que nos dão à definição do amor de Deus, o Deus dos cristãos. O verso mais conhecido é João 3:16: "Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna." Então uma forma que Deus amor dos cristãos é definido é com o ato de dádiva.

No entanto, o que Deus deu (quer dizer, "quem" Ele deu) não foi um simples presente embrulhado; Deus sacrificou Seu único Filho para que nós, os que colocamos nossa fé nEle, não passássemos a eternidade separados de Deus. Esse é um amor incrível, porque somos nós que escolhemos permanecer separados de Deus através de nossos próprios pecados, mas é Deus quem conserta essa separação através de Seu grande sacrifício pessoal, e tudo que precisamos fazer é aceitar esse presente.

Um outro verso excelente sobre o amor de Deus é encontrado em Romanos 5:8: "Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco, pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores”. Assim como em João 3:16, não é mencionado nesse versículo nenhuma condição imposta por Deus para o Seu amor. Deus não diz: "assim que você colocar sua vida em ordem, eu vou amar você". Ele também não diz: "Sacrificarei meu Filho se você prometer me amar". Na verdade, encontramos justamente o contrário em Romanos 5:8.

Deus quer que saibamos que Seu amor é incondicional, por isso Ele mandou Seu Filho, Jesus Cristo, para morrer por nós quando ainda éramos pecadores que não merecíamos ser amados. Não tínhamos que arrumar nossas vidas, nem tínhamos que fazer promessas a Deus para que pudéssemos experimentar do Seu amor. Seu amor por nós tem sempre existido, e, por causa disso, Ele já deu e sacrificou tudo que era necessário muito tempo antes de percebermos que precisávamos de Seu amor.

Finalizando, parece-nos que o amor que os pais sentem por seus filhos é o mais perto de amor incondicional que podemos alcançar sem a ajuda de Deus nas nossas vidas. Continuamos a amar nossos filhos através dos tempos, bons e ruins, e não paramos de amá-los mesmo quando não atingem nossas expectativas. Fazemos a escolha de amar nossos filhos mesmo quando os consideramos difíceis de serem amados; nosso amor não pára mesmo quando não "sentimos" amor por eles.

Isso é parecido com o amor de Deus para conosco, amor que ultrapassa a definição humana, amor que realmente é fácil de sentir, mas difícil de compreender.


BIBLIOGRAFIA
1. Luz. Marcelo. Apostila Aula de Teologia Sistemática II
2. Bíblia de Estudo Almeida. Barueri – SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 2006
3. Bíblia Sagrada. Edição Revista e Corrigida. Sociedade Bíblica do Brasil – Editora Vida. 1984
4. A Bíblia de Jerusalém. São Paulo: Sociedade Bíblica Católica Internacional e Paulus. 2000
5. Bíblia Sagrada Edição Pastoral. São Paulo: Sociedade Bíblica Católica Internacional e Paulus. 1997
6. Carson. D. A. A Difícil Doutrina do Amor de Deus. CPAD
7. Teixeira. Alfredo Borges, Dogmática Evangélica. São Paulo. Livraria e Editora Pendão Real. 1976
8. Gustaf Aulén. A fé cristã. São Paulo: Aste, 1965, p, 40-54 e 107-111
9. Theodor Schneidr (org). Manual de Dogmática. Petrópolis: Vozes, 2002, p.429-472

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