O presidente da Câmara dos Deputados,
Eduardo Cunha (PMDB), se nega a colocar em votação qualquer projeto que trate
da legalização do aborto. "Aborto eu não vou pautar (para votação) nem que
a vaca tussa", disse, em entrevista ao site de O Estado de S. Paulo.
Assim como a regulação da mídia,
afirmou que projetos sobre o tema só vão passar "por cima do meu
cadáver". "O último projeto de aborto eu derrubei na Comissão de
Constituição e Justiça. Regulação econômica de mídia já existe. Você não pode
ter mais de cinco geradoras de televisão. No aborto, sou radical."
O deputado, evangélico, também é
reticente quando perguntado sobre garantias de direitos dos homossexuais.
"Isso é mais discurso. Para pautar um projeto, ele tem que ter apoio
suficiente. Não tenho que ser bonzinho. Eles querem que isso seja a agenda do
País, mas não é. Não tem um projeto deles na pauta para ir a votação",
afirmou.
Cunha se reuniu na semana passada com
Dilma Rousseff. Na entrevista, disse que a presidente sempre que foi cordata
com ele, e culpou o PT pelos atritos durante a corrida pela presidência da
Câmara. Para ele, o maior problema está na articulação política. Citou como
exemplo a CPI da Petrobras, que a oposição conseguiu aprovar semana passada.
"Se, em vez de ficarem correndo
atrás de pressionar gente para votar no (Arlindo) Chinaglia (candidato
derrotado do PT à presidência da Câmara), tivessem colhido assinaturas,
poderiam instalar outras CPIs antes da CPI da Petrobras. Se tivessem o mínimo
de articulação política, tinham feito isso. O governo está perdido
politicamente. Se eles não mudarem a articulação, vão ter que mudar o
método."
Reportagem da Folha de S.Paulo de
ontem mostra que a mudança de atitude de Cunha após virar presidente da Câmara
causou surpresa.
No lugar de promessas de ampliação de
benefícios, agora o presidente da Câmara fala em cortar o salário de quem não
comparecer às sessões de quinta. As medidas geraram desconforto em
parlamentares que prometem pressionar para evitá-las.
Fonte: FOLHAPRESS
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